quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Sexualidade e Hipnose Coletiva

Sexualidade e Hipnose Coletiva

Ermance Dufaux



“O dever primordial da vida de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar!” - V. Monod (Bordéus, 1862) O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. XXVII – Item 22

Intenso desejo acompanha a humanidade em todos os tempos: ser feliz..

Entretanto, um incômodo sentimento de impotência aprisiona o homem na realização desse projeto, ou seja, a ignorância sobre como trabalhar pela sua felicidade. Como vencer esse abismo que se abre entre a necessidade de paz interior e as grandes lutas que se apresentam a cada dia, agastando-o cada vez mais desse ideal?

Estremunhado pelo cansaço em não encontrar respostas lúcidas e satisfatórias para suas metas de júbilo e harmonia, a maioria das criaturas rendem-se às propostas humanas de prazer como sendo a alternativa que mais fácil e rapidamente permitem-lhes obter alguma gratificação, ainda que passageira.

Forma-se assim, através do mecanismo mental da reflexão automática, um processo coletivo de hipnose sob o jugo da ilusão e da mentira consentidas, escravizando bilhões de almas no atoleiro dos vícios comportamentais de variados matizes.

Reflexão automática é o hábito de consumir pensamentos estabelecendo uma rotina mental sem utilização da “consciência crítica”, um processo que funciona por estimulação condicionados sem a participação ativa da vontade e da inteligência, interligando todas as mentes em todas as esferas de vida. Indução, sugestão e assimilação são operações psíquicas que respondem por esse quadro que em, em sã análise, constitui uma grave questão social. Fenômenos telepáticos e mediúnicos formam a radiografia básica desse “ecossistema psíquico”. Patologias mentais e orgânicas, obsessões e auto-obsessões surgem nesse cenário compondo a psicosfera de bairros e cidades, estados e países, continentes e mundos.

Composta de aproximadamente 30 bilhões de almas, a população geral da Terra tem hoje um contingente de pouco mais de 1/6 de sua totalidade no corpo carnal. Considere-se que nessa extensa e vigorosa “teia de ondas”, mesmo esses 5/6 de criaturas fora da matéria têm como centro de interesse o planeta das provas e expiações terrenas, influindo sobremaneira, na economia psíquica da humanidade em perfeito regime de troca, determinando mais do que imaginais os rumos coletivos e individuais na dignidade ou na leviandade de propósitos, na paz ou no conflito armado.

Convém-nos, nesse contexto, em favor da reeducação de nossos potenciais, refletir com seriedade sobre um dos mais dedicados temas da atualidade: a sexualidade.

Naturalmente, a mentira avassalou esse campo sagrado das conquistas humanas com lastimável epidemia de imitação decorrente da massificação. A palavra mentira vem do latim e, entre seus vários significados, extraímos esse: inventar, imaginar. Sob expressiva influência da mídia eletrônica, o sexo, em desalinho moral obteve requintes de inferioridade e desvalor através de truanescas inverocinices do relaxamento moral. Depois da televisão, a grande rede mundial, a internet, propiciou ainda mais estímulos para a “devassidão a domicilio”, preenchendo o vazio dos solitários de imagens degradantes de perversidade pela
pornografia sem lindes éticos.

Os costumes no lar, já que boa parcela dos educadores perdeu a noção de limite, avançam para uma derrocada nos hábitos a pretexto de modernização. Diante da beleza corporal, os pais, ao invés de ensinarem responsabilidade e pudor, quase sempre excitam a sensualidade precoce e a banalização. Porque se encontram também escravos de estereótipos de conduta, conquanto o desejo de não verem os filhos desorientados, amargam elevada soma de conflitos pessoais não solucionados que interferem na sua tarefa educacional junto à prole.

Nesse clima social, os delitos do afeto e do sexo continuam fazendo vítimas e gerando dor. 

Telepatias deprimentes e conúbios mediúnicos exploradores formam o ambiente astral de várias localidades, expelindo energias entorpecedoras e hipnóticas, abalando o raciocínio e instigando os instintos animalescos aos quais, a maioria de nós, ainda nos encontramos jungidos.

O desafio ético de usar o sexo com responsabilidade continua sendo superado por poucos que se dispõem ao sacrifício de vencer a si mesmo, dentro de uma proposta de profundidade nos terrenos da alma. 

A força das estimulações exteriores compromete os propósitos sinceros mesmo daqueles que acalentam os ideais renovadores, exigindo do candidato à autotransformação um esforço hercúleo para colimar suas nobres metas.

A força sexual é comparável a uma represa gigantesca que, para ter seu potencial utilizado para o progresso, carece de uma usina controladora, a fim de drenar a água em proporções adequadas, evitando inundações e desastres de toda espécie nos domínios do seu curso. Se a energia criadora não for disciplinada pelas comportas da contenção, da fidelidade e do amor fraternal, dificilmente tal força da alma será dirigida para fins de crescimento e libertação.

Nesses dias tormentosos, o sexo ganha o apoio da mídia na criação de ilusões de espectros sombrios sob a análise ética comportamental.

A mentira do “amor sexual” condicionado à felicidade é uma hipnose coletiva na humanidade, gerando um lamentável desvio de saúde e alimentando as miragens da posse nas relações, fazendo com que os relacionamentos, carentes de segurança e da fonte viva da alegria, possam se chafurdar em provas dolorosas no campo do ciúme e da inveja, da dependência e do desrespeito, da infidelidade e da crueldade – algumas das vielas de fuga pelas quais percorrem os encontros e desencontros entre casais e famílias.

Face a isso, um “turbilhão energético” provido de vida e movimento permeia por toda a psicosfera do orbe. Qual se fosse uma serpente sedutora criada pelas emanações primitivas, resulta das atitudes perante a sexualidade entre todas as comunidades. Semelhante a um “enxame epidérmico e contagiante”, essas aglomerações fluídicas são absorvidas e alimentadas em regime de força por todas esferas vivas do grande “ecossistema” da psicosfera terrena.

A defesa da vida interior requer mais que contenção dos impulsos. Muito além disso, faz-se urgente aprender o exercício do bem gerando novos reflexos através da consolidação de interesses elevados no reino do espírito. Decerto a disciplina dos instintos será necessária, mas somente o desenvolvimento de valores morais sólidos promover-se á a outros estágios de crescimento nas questões da sexualidade. A esse respeito compete-nos ponderar a postura que adotamos ante a maior fonte de apelos da energia erótica, o corpo físico. Que sentimentos e pensamentos devem nortear o cosmo mental na relação diária com o corpo? 

Como adquirir uma visão enobrecida sobre o instrumento carnal? Como “olhar” para o templo sagrado do corpo alheio e experimentar emoções enriquecedoras? Como impedir a rotina dos pensamentos que nos inclinam à vaidade e a lascívia ante os estímulos da estética corporal?

Zelo e cuidados necessários com o templo físico em nada podem nos prejudicar, contudo o problema surge nos sentimentos que nos permitimos perante as atrações físicas. 

Esmagadora parcela das almas na carne adota atitudes pouco construtivas nesse tema. Além dos estímulos pujantes dos traços anatômicos, o corpo é dotado de “elementos magnéticos irradiadores” com intensa força de impulsão. Quando acrescido da simples intenção de atrair e chamar a atenção para si, essa impulsão assemelha-se a filamentos sutis, similares a tentáculos aprisionantes expelidos pela criatura na direção daquele ou daqueles a quem deseja causar admiração, tornando-se uma “passarela de atrações” que lhe custará um ônus para a saúde e o equilíbrio emocional.

Tudo se resume à lei universal da sintonia. Veremos o corpo conforme o que trazemos na intimidade. Sabemos, todavia, à luz da visão imortalista, que além do corpo carnal, a ele encontra-se integrado o ser espiritual, repleto de valores e vivências que transcendem os limites sensoriais da matéria. Aprender a identificar-nos com essa “essencialidade” é o caminho para a reeducação das tendências eróticas. Torna-se imprescindível vivermos o “estado de oração”, aprendendo a sondar o que existe para além do que os olhos podem divisar. Exupéry afirmou: “o essencial é invisível aos olhos”, e quando V. Monod recomenda, na frase acima transcrita, que a prece seja o primeiro ato do dia, é porque estamos retomando o contato com o corpo após uma noite de emancipação. É o preparo para que consigamos elevar-nos acima das sensações e permitir a fluência dos sentimentos nobres, antes mesmo de ingressarmos no “vigoroso ímã” da convivência pública. É o estado da mente alerta que vai nos ensejar “olhos de ver”.

Aprender a captar a “essencialidade” do outro é perceber-lhe os eflúvios da alma, seus medos, suas dores, seus valores, suas vibrações e necessidades. É ir além do perceptível e “encontrar o mundo subjetivo” do próximo sentindo-lhe integralmente. O resultado será a sublimação de nossos sentimentos pela lei de correspondência vibracional, atraindo forças que vão conspirar a favor de nossos objetivos de ascensão.

Assim como preparamos o corpo para o despertamento, igualmente devemos nos lançar ao preparo espiritual para retornar as refregas do dia. A essa atitude chamamos de “interrupção do fluxo condicionado” da vida mental. É adentrar na “teia de correntes etéreas”, para não se contaminar ou ser sugestionado pela força atrativa desse mar de vibrações pestilenciais de ambientes coletivos.

Esse “estado de oração” é a alma sintonizada com o melhor de todos, condição interior que requer, por enquanto, muita vigilância e oração de todos nós para ser atingida. Quem ora recolhe auxílio para os interesses elevados. Quem ora toma contato com o “Deus interno”, ativando a “expansão” da consciência, desatando energias de alto poder construtivo e libertador sobre todos os corpos e na psicosfera ambiente. A vida conspira com os propósitos do bem, besta que nos devotemos a eles.

Estabelecido esse estado interior de dignificação espiritual, o próximo passo é lançar-se ao esforço reeducativo na transformação dos hábitos. O tempo responderá com salutares benefícios interiores de paz, com o psiquismo livre das energias enfermiças da hipnose coletiva do despudor e da lascívia, tornando a mente  acessível ao trânsito das inspirações e ideias saudáveis em clima de plenitude.

Portanto, inscrevemo-nos nesse curso diário da oração preparatória tão logo despertos na carne. Faça seus cuidados fisiológicos para o despertamento sensorial, após o que amplie os cuidados com o Espírito. A oração desperta forças ignoradas que serão farta de manutenção do estado de paz que carecemos, ante a empreitada sobre o dinâmico mundo das percepções e dos estímulos. Somente dessa forma iluminaremos os nossos olhos para que tenhamos luz
na visão do mundo que nos cerca, e segundo o Divino Condutor, “se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz” -  MATEUS, 6:22.

Ermance Dufaux por Wandenley S. Oliveira do livro:
Reforma Íntima sem Martírio

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